Uma imensa humanidade é o que
perpassa nas palavras de Fernando Pessoa, poeta e pensador maior da nossa
literatura. Impregnadas de memória e sonho, de quotidianos cheios, afinal, de
gestos inúteis, mas sobreviventes ao tempo eterno do mundo; palavras vitais de
um espanto iniciático que desnuda o absurdo da vida-morte sob a camada
implacável da pulsão artística.
Este espectáculo tem como foco o
processo/drama da criação artística como terreno de busca de uma identidade;
letras, vozes, corpos múltiplos, distintos nas formas de Caeiro, Campos e Reis,
procuram afirmar a sua originalidade e a sua diferença mas, sabemos, todo o seu
sentido se reúne no universo complexo e inominável de um só Pessoa,
estilhaçado.
Em corpo-presente, no palco, será
possível resgatar essas centelhas fulgurantes de lucidez e criação, alimento
intemporal? Esperamos que sim.
Sílvia Brito
textos
de Fernando Pessoa | dramaturgia e encenação Sílvia Brito | elenco André Laires, António Jorge,
Thamara Thaís | voz off 'The Poem' Solange Sá | espaço cénico António Jorge | criação vídeo Frederico Bustorff
Madeira* | desenho de som Pedro Pinto* | desenho de luz Nilton Teixeira | fotografia e design gráfico Paulo
Nogueira
M/12 | 75'
* do Centro de
Criação de Vídeo e de Som RODAVIVA
Poemas usados no espetáculo
Ofélia Queirós, Como
conheci o Fernando?
Fernando Pessoa, The
Poem
Álvaro de Campos, Há
mais de meia-hora
Fernando Pessoa, Não
sei quem sou, que alma tenho
Bernardo Soares, Gosto
de dizer
Fernando Pessoa,
excerto de Carta a Adolfo Casais Monteiro
Ricardo Reis, Vivem
em nós inúmeros
Álvaro de Campos,
Ode Triunfal
Alberto Caeiro, O
Guardador de Rebanhos (fragmentos)
Ricardo Reis, Mestre,
são plácidas Todas as horas
Álvaro de Campos, Tabacaria
Ricardo Reis, Antes
de nós
Fernando Pessoa, Qual é a tarde por achar
"I Know Not What Tomorrow Will Bring"
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